Apesar de estarmos longe do ideal, a educação ambiental tem crescido e ocupado os mais variados espaços, seja nas escolas, nas universidades, em áreas de conservação, em parques urbanos, museus, nas empresas e em diversos outros contextos. Assim, surge uma preocupação cada vez maior em relação à qualidade das ações e projetos desenvolvidos. Será que estamos conseguindo alcançar nossos objetivos?
A educação ambiental é um campo de pesquisa e de atuação profissional multi, inter e transdisciplinar. Isso significa que ela envolve uma grande diversidade de áreas do conhecimento e de saberes. Portanto, existem diversas abordagens que variam de acordo com concepções de meio ambiente, objetivos, formações profissionais, entre outros aspectos que influenciam a maneira de se pensar e de se fazer educação ambiental. O que a torna complexa, ampla e plural.
Nesse universo de possibilidades, podemos nos perguntar: o que faz um processo de educação ambiental ter qualidade? E que diferença faz investir na melhoria da educação ambiental em uma instituição? Vamos compartilhar aqui alguns aspectos que consideramos fundamentais para a qualidade das práticas de educação ambiental e como elas podem influenciar positivamente nas transformações que podem ser alcançadas a partir dessas ações.
Planejamento
Planejar as ações educativas é fundamental para que educadoras e educadores tenham clareza sobre os objetivos, as atividades e os cuidados necessários para que os princípios da educação ambiental sejam atendidos. Quando atuamos de forma automática, sem refletir sobre esses pontos, tendemos a reproduzir formas de educação mais tradicionais ou modelos que podem não ser adequados à nossa realidade. Além disso, sem planejar, fica muito mais difícil avaliar os resultados alcançados. Um bom planejamento precisa considerar as demandas e expectativas do público e da instituição. Sem esse diagnóstico, corremos o risco de oferecer conteúdos e atividades que não geram engajamento e, consequentemente, não contribuem para as transformações que desejamos.
Mediação
É na interação com o público participante que os princípios da educação ambiental devem se concretizar. A mediação pode ser feita por educadoras ou educadores ou por meio de materiais educativos, textos, mídias digitais, etc. Em todos os casos, o cuidado com a linguagem faz toda a diferença para a qualidade do trabalho. A forma de fazer perguntas, de apresentar um conteúdo ou propor uma atividade precisa ser coerente com a educação ambiental que defendemos. Para isso, é preciso uma auto-observação constante.
Avaliação
Outro fator que interfere na qualidade da educação ambiental é a avaliação. Esse processo possibilita identificar os problemas e melhorar continuamente o trabalho realizado. Muitas vezes o planejamento inicial precisa ser modificado. E só é possível perceber isso se algum tipo de avaliação for feito. Ela pode ser mais fluida, ao longo do processo educativo, ou mais sistematizada – o que seria ideal. Em muitos casos essa etapa é deixada de lado por falta de tempo. Mas é fundamental que a equipe tenha momentos específicos para a avaliação e que se sinta motivada a buscar melhorias.
Experiência
A experiência da equipe que planeja, executa e avalia as ações educativas é outro ponto que influencia fortemente a qualidade dos resultados. Ela tem a ver com uma formação sólida na área, mas também com a vivência prática. Como em qualquer outra área, o tempo de atuação profissional ajuda as pessoas a estarem mais preparadas para ter novas ideias, saber atuar em uma situação inesperada e encontrar soluções para os desafios que sempre surgem no caminho. A experiência também contribui para a coerência entre teoria e prática. Esta não é uma tarefa fácil e só pode ser alcançada com persistência ao longo do tempo.
Este pode ser um problema para instituições que tenham alta rotatividade da sua equipe. Por isso, investir na formação e oferecer oportunidades de experiências práticas para as pessoas responsáveis pelas ações educativas certamente fará diferença para a qualidade das mudanças promovidas. E, para quem atua de forma autônoma, nossa sugestão é que você busque o máximo possível se atualizar e, principalmente, praticar os seus aprendizados em interação com o público.
Sabemos que educadoras e educadores ambientais costumam ser pessoas muito engajadas e que realmente querem contribuir com a construção de sociedades mais sustentáveis. Por isso, o movimento individual de cada uma e de cada um na busca de melhorar o seu trabalho faz parte do seu dia a dia. Mas nós também acreditamos que este precisa ser um movimento das instituições, de uma forma mais estruturada, garantindo espaços de planejamento, interação, avaliação e formação para que essas e esses profissionais consigam colocar em prática todo o seu potencial transformador.
O que você acha de colocar a teoria em prática na educação ambiental? No curso online COMO?! nós mostramos que quanto mais conhecemos nosso público e os desafios socioambientais no local onde atuamos, mais temos condições de planejar e realizar uma ação educativa contextualizada para promover a transformação.
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