Nós sabemos que a educação online já era uma tendência da nossa sociedade da informação. Mas a pandemia trouxe para o dia a dia de muitas pessoas essa forma de ensinar e aprender. Com a educação ambiental não foi diferente.
Educadoras e educadores e estudantes têm se deparado com muitos desafios a partir dessa realidade. Ao mesmo tempo, a tecnologia aliada à educação possibilita novas oportunidades de interação entre as pessoas. Nossa ideia aqui é analisar alguns desses desafios e potenciais da educação online e mostrar caminhos que consideramos interessantes tanto para quem está propondo processos formativos pela internet como para quem está participando deles como estudante.
Nós vamos focar em processos de formação mais estruturados, como disciplinas na educação formal, ou cursos livres online. Se você quiser saber mais sobre recursos didáticos e adaptação de atividades pontuais para o universo digital, fica a sugestão de leitura do FubáZINE Adaptando a educação ambiental para a quarentena.
Talvez o potencial mais óbvio de disponibilizarmos conteúdos de educação ambiental na internet seja a ampliação do alcance do público. Em princípio, a ideia era possibilitar a interação entre pessoas que estavam longe, e que não teriam possibilidade de participar presencialmente. Porém, agora a coisa mudou um pouco. Mesmo as pessoas que moram perto precisam se isolar e, assim, a educação online pode ser uma boa ferramenta para manter os processos formativos nesse cenário.
Mas, é importante lembrar que esse acesso não é para todas as pessoas. Assim como em outras áreas, a pandemia revelou uma enorme desigualdade em relação ao acesso à internet e a todas as ferramentas educativas que ela apresenta. Mesmo entre aquelas pessoas que estão conectadas, muitas não sabem usar as ferramentas necessárias para participar de cursos ou disciplinas online. Esse tem sido um grande desafio para professoras e professores, tanto nas escolas como nas universidades.
Se você pode se conectar facilmente à internet rápida, saiba que é um grande privilégio. Sendo assim, é importante denunciarmos essa situação desigual e nos mobilizarmos como pudermos pela democratização do acesso à internet e da comunicação digital. E, sempre que pudermos, ajudar as pessoas que têm essa dificuldade disponibilizando conteúdo impresso, ensinando a usar as ferramentas, ou compartilhando os aprendizados que tivemos a oportunidade de acessar.
A educação online tem a grande vantagem da flexibilidade tanto para educadoras e educadores como para estudantes. Especialmente quando as aulas são gravadas, cada pessoa pode definir os melhores dias e horários para cumprir suas atividades em um curso. Isso pode possibilitar a participação de pessoas que têm uma rotina corrida, ou com horários diferentes da maioria, como mães, pessoas que trabalham a noite, etc.
Ao mesmo tempo, exige da ou do participante certa disciplina e organização. Fala a verdade, em quantos cursos online você já se inscreveu e não completou? Então, se você realmente se interessa pelo tema, é importante definir uma rotina de estudos adequada à sua realidade para que possa aproveitar ao máximo a possibilidade de aprender online.
Algo que pode contribuir para o engajamento das e dos participantes nesse contexto é o uso de diversas estratégias educativas. Essa também é uma premissa para as aulas presenciais, mas pode se tornar ainda mais importante nos processos formativos à distância. Muita gente está cansada de assistir longos vídeos de palestras, por mais que os temas sejam interessantes. Por isso, vídeos mais curtos podem ser acompanhados de apostilas ilustradas, recursos de áudio, exercícios práticos, momentos de interação em tempo real com tira-dúvidas... A linguagem da internet é muito mais dinâmica e acelerada. Como educadoras e educadores, pode ser muito útil descobrirmos formas de nos adaptar a essa forma de comunicação.
É importante também considerar que o conteúdo precisa fazer sentido em diferentes cenários, já que pessoas de todas as partes do mundo podem ter acesso a ele. Como sempre defendemos na educação ambiental, conhecer as expectativas e demandas do público é fundamental. Esse processo pode ser mais desafiador quando feito à distância. Formulários online podem ajudar. Perguntas no início das aulas em tempo real também. É possível ainda elaborar conteúdos e exercícios que sejam adaptáveis à realidade de cada participante.
Um dos maiores desafios da educação online é promover interações de qualidade entre as pessoas. O diálogo é um princípio básico da educação ambiental e pode ser bastante prejudicado no ambiente digital. Como educadoras e educadores, nosso papel é promover esses espaços de diálogo. E como estudantes precisamos aproveitar os espaços que são disponibilizados. Trocar experiências e ideias com outras pessoas é um dos aspectos mais ricos de um processo formativo. Nessas trocas conhecemos iniciativas bem sucedidas, compartilhamos nossas dificuldades, encontramos novas oportunidades e soluções e aprendemos muito com a diversidade.
Finalmente, outro princípio muito valiosos para a educação ambiental é promover o contato das pessoas com a natureza não humana. E isso fica realmente bem prejudicado quando não estamos compartilhando presencialmente essa experiência com as outras pessoas. Principalmente em um momento em que sair de casa não é seguro. É claro que não estamos vivendo uma situação ideal. Mas ainda assim podemos incentivar a conexão das pessoas com os elementos naturais que estão próximos a ela. Ou até aproveitar para problematizar sobre a falta que esse contato faz para as nossas vidas. Muitas pessoas que nunca pensaram no assunto estão sentindo na pele essa falta!
Essas reflexões que apresentamos até aqui são fruto da nossa experiência em realizar o nosso curso online COMO?! Nós acreditamos que conseguimos superar a maioria desses desafios apresentando conteúdos pensados especificamente para as situações vivenciadas na prática por educadoras e educadores ambientais. Também buscamos usar uma diversidade de recursos didáticos e propor exercícios que incentivam a reflexão-ação-reflexão. Ou seja, o aprendizado teórico aplicado à realidade de cada participante e a experiência prática realimentando a teoria de forma que seja pertinente e viável em cada contexto.
Um dos nossos maiores desafios é justamente a interação entre as pessoas. Tivemos uma experiência de formação interna da equipe da Fubá com encontros em tempo real para compartilhar os aprendizados de cada aula do COMO?!. Ficou muito claro para nós como esse momento é muito rico para todas as pessoas envolvidas. Por isso, estamos planejando retomar esses encontros no curso.
Fazer essa transição para a educação online não é uma tarefa fácil. Nós acreditamos que precisamos ter uma abertura para novas ideias e estratégias e para aprender muito nesse caminho. Nossa intenção é sempre buscar potencializar os aspectos positivos que a tecnologia proporciona e minimizar as desvantagens.
E você como tem se relacionado com essas mudanças?
Se você está pensando em aproveitar esse período de isolamento para aprofundar seus estudos em educação ambiental, fica o nosso convite para conhecer o COMO?! Ele foi feito com muito carinho e cuidado para ajudar você a colocar a teoria em prática na educação ambiental.
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